História

     O conhecimento que hoje temos de Vila Nova está intimamente ligado a Monsarros, localidade situada a Norte, a escassos dois quilómetros. Por volta do século IX, há registo da existência, na região. De “pequenas povoas”, “vilares”, “casais”, granjas ou herdades, genericamente designada “villas”. Trata-se de explorações agrícolas ou propriedades rústicas, não forçosamente de aglomerados populacionais – o termo “vila”, associado a povoação, só se vulgarizaria no reinado de D. Dinis. Em qualquer caso, a existência dessas “villas” indica o progressivo povoamento do território e um certo de organização social, já patente no século XII.
     O primeiro documento histórico sobre a Vila Nova de Monsarros
No inicio do século XI, quando a conquista de nossa região aos mouros ainda estava longe consolidada, o território hoje coincidente com a freguesia de Vila Nova de Monsarros encontrava-se ligado a Coimbra. O primeiro documento histórico que alude especificamente a Vila Nova data de 18 de Maio de 1006. Depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, é reproduzido em duas obras – o já citado “Cartulário da Sé de Coimbra” e “Portugaliae Monumenta Histórica – Diplomata e Chartae”, a obra de referência organizada pelo historiador Alexandre Herculano no século XIX.
Trata-se da doação feita ao mosteiro da Vacariça pelo conde Froila Gonçalves de um quinto de Vila            Nova, com o compromisso de, após a sua morte, toda a área em causa ser transferida para a posse integral dos monges beneditinos. As alusões a Coimbra, ao Buçaco e ao rio Angarna não deixam dúvidas quanto á zona em causa, nem quanto ao facto de, á época, o topónimo Vila Nova já a designar. No entanto, é impossível determinar com exactidão os limites do terreno objecto da doação.        O documento não faz qualquer referencia à existência de um aglomerado populacional ou, sequer, de edificações. Apenas alude a uma quinta, com pomares e árvores de fruto.
A posse, pelo mosteiro da Vacariça, de diversos bens doados por Froila Gonçalves é confirmada em 1018 pela sua prima, a condessa Toda Forjaz. Uma relação de bens do mosteiro localizados entre os rios Vouga e Mondego, datada de 1064, faz nova referência a Vila nova – especificando que pertenceu a Gonçalo Moniz, pai de Frolia Gonçalves – e a Monsarros (Muzarros) e à sua igreja, que segundo o documento pertenceu ao abade Leovigildo.
     Pinho Leal sustenta que nesse mesmo ano de 1064, as igrejas doadas à Vacariça por Recemundo Maureliz, incluindo a de Monsarros, passaram a ser padroado dos filhos de Gonçalo Viegas e da sua mulher Flâmula (ou Chana). Mais tarde, ficariam sob a tutela do Cabido de Coimbra, situação que se manteve até 1836. Os descendentes de Flâmula chegaram a alagar direitos sobre o padroado, mas o Cabido obteve a 14 de Janeiro de 1540 uma sentença a seu favor, de jurisdição dos seus coutos, conforme consta do “Livro de sentenças a favor da Coroa”.
     A titularidade de Monsarros dera, muitos anos antes, origem a outro litígio, entre João Justes e o abade Alvito, da Vacariça, dirimido em Coimbra. Alegava Juste que se tratava de uma herdade reguenga – pertencente ao património real, embora arrendada. D. Sisnando, governador de Coimbra desde a tomada definitiva da cidade aos mouros, que interveio no processo como alvazil (oficial de justiça) não lhe deu razão. Por sentença de 1082, o território de Monsarros foi confirmado como propriedade legítima da Vacariça, sendo inclusivamente fixados os seus limites: Vila Nova a Sul, Anadia a Norte. Quintanela (hoje, Quintela das Lapas) a Este e a igreja de S. Martinho a Oeste. De salientar que este é o primeiro documento histórico que fez referência a Anadia, então designada Nádia.






http://www.freguesiadevilanovademonsarros.eu/

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